quarta-feira, 9 de março de 2011

Significado das cinzas




Mons. Arnaldo Beltrami

Desde a antiguidade, existe o costume de cobrir a cabeça com cinzas, para expressar a submissão a Deus e a decisão de mudar de vida.

Foi assim que Davi se cobriu com cinzas para pedir perdão de seu adultério e mudar de vida.

Foi assim que os Ninivitas se cobriram com cinzas para mostrar sua mudança de vida, após os 40 dias de pregação de Jonas.

Foi assim que a Igreja exigia que os penitentes públicos – que tinham cometido homicídio, um pecado público – passassem os 40 dias da Quaresma, cobertos de cinzas, nas portas das igrejas.

A Quarta-Feira de Cinzas existe desde o século 8º, com imposição das cinzas na cabeça do cristão, para que se reconheça limitado, fraco e imperfeito, convertendo seu comportamento para Deus e mudando sua vida.

Estas ‘cinzas’ são resultado dos ramos secos, usados no Domingo de Ramos do ano passado, que foram guardados e agora incinerados.

Os ramos passam pelo fogo purificador do sofrimento, do aniquilamento do egoísmo e orgulho.

Essa passagem pelo fogo é Páscoa, mudança de vida e transformação de comportamento.

Assim aqueles ramos ‘vitoriosos’, que simbolizaram a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, iniciando o caminho da cruz para o calvário, estão reduzidos a cinzas.

Essas cinzas lembram que Deus se reduziu à morte de cruz, para nos dar a vida eterna, a libertação da morte.

As cinzas significam também, que devemos tomar consciência de nossos limites para motivar a mudança e a purificação de nossa vida.

A imposição das cinzas em nossa cabeça significa, ainda, que a comunidade quer nos proteger, nos cobrir de energia e nos dar todas as forças e bênçãos de Deus.

Por isso, o rito das cinzas não pode ser para o povo uma cerimônia vazia ou de caráter mágico.

Esse rito quer colocar a pessoa humana em seu verdadeiro lugar diante de Deus, dos outros e da natureza.

O rito das cinzas quer nos deixar com o coração purificado, com a cabeça despojada e desprendida, e com a vontade disposta e decidida.

O tempo, como o fogo, reduz a cinzas nossa vida exuberante.

Tudo o que tem vida, com o tempo, envelhece, enfraquece, enruga, murcha, se torna pó.
O grão, colocado na terra, morre para frutificar.
A mortificação dos sentidos para fortalecer o espírito e o despoja-se da ambição para se voltar aos irmãos e a Deus, é o sentido das Cinzas hoje.

TEMPO DA QUARESMA
O termo quaresma deriva do latim "quadragesima dies", ou seja, quadragésimo dia.

É o período que dura 40 dias: começa na quarta-feira de cinzas e termina na missa "in Coena Domini", sem inclui-la; somente o 6º domingo, que dá início à semana santa, é chamado "Domingo de Ramos, de passione Domini".

Desse modo, reduzindo o tempo "de passione" aos quatro dias que precedem a Páscoa, a semana santa conclui a quaresma e tem como finalidade a veneração da paixão de Cristo a partir de seu ingresso messiânico em Jerusalém.

A quaresma é tempo de sinceridade conosco mesmos, de penitência em que se defende a libertação interior do que nos afasta da obediência a Deus e da caridade para com os irmãos.

A Igreja itinerante é convidada a quarenta dias de purificação, de disciplina interior, de meditação da Palavra e de oração incessante para crescer na imitação d'Aquele que, no deserto, se fez penitente por nós durante 40 dias, em obediência ao simbolismo bíblico; foi tentado por satanás, mas rejeitou com rigorosa firmeza toda tentação para afirmar sua filiação divina.

As obras penitenciais dos fiéis assumem significado somente se forem sinal de participação nesse mistério de Cristo.

http://www.uol.com.br/jubilaeum/templorito.htm

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