quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A Descoberta do Centro




Fique quieto
E descubra seu centro de paz.
Em toda a natureza
As dez mil coisas movimentam-se,
Mas cada uma volta a sua fonte.
Voltar ao centro é paz.
Descubra o Tao voltando à fonte.
(Tao 16)

Enquanto a vida moderna enfatiza a superfície das coisas, o Tao ensina que sem o centro, a superfície nada significa.

Não é nossa aparência, não é o que fazemos, mas o que somos, que dá a tudo significado e objetivo.

O oceano é um símbolo maravilhoso do Tao: imenso, fluído, constantemente em movimento.

Sob sua turbulenta superfície estão as tranqüilas profundezas.

Sob a superfície inquieta de nossas vidas há uma profunda fonte de paz, poder e inspiração.

Meditação – caminho que nos conduz ao centro profundo.

Distanciando-nos de particularidades, vemos modelos em desenvolvimento.

As pessoas não -Tao identificam-se com as exterioridades.

Descentralizadas não sabem quem são.

Quando seus apoios externos mudam ou entram em conflito, perdem facilmente o equilíbrio.

Quem sou eu

Procure estabelecer o centro de sua vida. Se ela está estruturada no esforço de agradar aos outros: seus pais, amigos, patrão e o homem que ama.

Procure examinar seus compromissos, separando as escolhas positivas da "culpa" e da "obrigação".

Centralizado em seus próprios sentimentos sua vida tornar-se-á mais harmoniosa.



1.Exercício Pessoal

Se na tentativa de agradar aos outros, você ficar preso em compromissos conflitantes, volte ao centro, eliminando as palavras " deve" e "não pode" de seu vocabulário.

Elas só fazem reforçar a culpa e o desamparo.

Ao invés de "devo" diga "prefiro".

Em vez de "não posso" diga "não quero".

Quando você afirma seu direito de escolher, torna-se mais consciente de seu centro, de seu poder pessoal.



2.Não somos o papel que desempenhamos

O Tao ensina que a vida é plena e dinâmica.

A natureza e os indivíduos estão em constante transformação e evolução.

Shakespeare escreveu "que o mundo inteiro é um palco", em que cada um de nós desempenha muitos papéis.

Jamais confunda o seu centro com os diversos papéis que você desempenha.

Será que você tornou-se superidentificado com algum dos papéis de suas vida?



3. Meu emprego não é meu centro

Há 20 anos, em Seattle, vários engenheiros aeroespaciais suicidaram-se.

Porque haviam sido dispensados.

E sem seus empregos, sentiram-se inúteis e incapazes de enfrentar a vida.

Crise de identidade semelhante muitas vezes atingem as pessoas aposentadas.

Sem seus empregos ficam imaginando quem são, sucumbindo ao desespero muitas jamais chegam a viver até descobrir.

A identificação com as nossas carreiras é fortemente encorajada em nossas sociedades.

Quando nos apresentamos, geralmente definimos quem somos, como e o que fazemos: meu nome é...sou estudante de direito.

O Tao nos ensina a ver além das categorias.

Quem somos ultrapassa sempre o que fazemos.



4. Minha família não é o centro

Tradicionalmente, os empregos para os homens e os relacionamentos para as mulheres têm sido fontes importantes de superidentificação.

Enquanto os homens vêem descobrindo suas identidade em torno de carreira, as mulheres constroem a sua em torno do lar e da família.

Afirmação:

Nossas famílias são fontes de amor e apoio mas a superidentificação com elas é pouco saudável.

As pessoas mudam, os filhos se tornam adultos.

Pessoas amadas podem partir.

Caso você sofra de super identificação lembre a si próprio:

"Tenho uma família, mas não sou a minha família.
Amo minha família porque amo minha vida.
Estou em união com o Tao".



5. Meu relacionamento não é meu centro

Os tempos mudaram, mas muitas mulheres ainda constroem suas vidas em torno do homem que amam.

Ou perdem tempo esperando perdê-lo, ou esperando pelo homem perfeito.

Muitas mulheres desistem do seu centro em favor do homem que amam.

Afirmação:

Mais uma vez o Tao nos devolve ao centro.

Nossos relacionamentos tornam-se mais saudáveis quando pararmos de nos identificar com eles.

Quando vc descobrir-se excessivamente identificado com uma pessoa importante em sua vida, repita essa afirmação muitas vezes por dia

"Tenho um relacionamento, mas não sou meu relacionamento.
Amo (meu parceiro) porque amo a mim mesma.
Estou em união com o Tao".



6. Meu corpo não é meu centro

Muitas pessoas identificam-se com seu s corpos.

Lutando para alcançar padrões artificiais de perfeição, não são jamais suficientemente altas, suficientemente fortes, suficientemente magras.

O Tao ensina que nada na vida permanece imóvel, mesmo quando alcançamos os ideais de nossa sociedade estamos mudando.

A identificação com uma imagem corporal impede-nos de crescer.

Em grande números jovens atletas ficam deprimidos quando sentem que estão perdendo os seus poderes.

Mulheres adoradas quando jovens e bonitas podem achar a transição da meia idade cheia de dor e perda.

Afirmação:

Se você tem andado excessivamente preocupado com a sua imagem física, repita essa afirmação:

"Tenho um corpo mas não sou o meu corpo.
Estou em união como Tao".



7. Não sou minha causa

Muitas pessoas que trabalham pela justiça social sofrem um grande desgaste pelo fato de que por mais que trabalhem, por mais que se sacrifiquem, o problema continua.

Os defensores da paz, como os conselheiros, enfermeiras e professores, podem perder a noção de seu centro, quando se identificam excessivamente com uma causa.

Os problemas da fome, pobreza, injustiça, perigo nuclear e meio ambiente são tão esmagadores que é fácil nos perdemos neles.

Mas, ao nos perdemos, não podemos agir. Ficamos paralisados pelo desespero.

Por mais importante que seja a causa, ela não é nosso centro.

Devemos nos lembrar de equilibrar a preocupação com nossos vizinhos e nosso planeta com a renovação pessoal.

Afirmação:

Se você andou se identificando excessivamente com sua causa, lembre a si mesmo:

"Tenho uma causa, mas não sou minha causa.

Estou em união com o Tao."



8. Centralização

Distanciando-nos das extremidades, afirmando nosso centro ficamos em união com o Tao.

Distanciamento não significa que não possamos apreciar nosso trabalho, nossas famílias, nossos relacionamentos, nem nos comprometermos com uma causa - apenas não nos identificamos com isso.

Distanciamento não significa desistência, e sim abertura para o Tao , a fonte da vida.

Porque nosso centro é nossa fonte de paz, nosso elo com o infinito, o tesouro que carregamos junto de nossos corações.

Lao Tsé diz:

"Rejeitando as aparências
A pessoa Tao usa roupas simples,
Vive fiel ao centro,
Usa jade junto do coração."

Centralizada, a pessoa Tao olha além das exterioridade, jamais ostentando realizações ou posses.

Podemos apreciar as bênçãos de nossas vidas, mas não podemos possui-las.

São parte do movimento fluído do Tao, parte do processo que flui como um rio, em torno e através de nós.

Quando sabemos disto, encontramos nosso centro e estamos em união com o Tao.


Miguel Antonio Stefani

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