terça-feira, 6 de novembro de 2012

Caboclo Pena Branca

 
Caboclo Pena Branca
 

 
 
O irmão universal
Um caboclo sem fronteiras
 
Em 1929, o poderoso cacique Pena Branca, líder dos índios Yaqui do México, liderou uma revolta contra a opressão e a injustiça que vitimavam o seu povo.
Desde este momento, nas terras americanas, o mito desta grande entidade nasceu.
Pena Branca é hoje um símbolo de liberdade, autenticidade e fraternidade.
Entrando em contato com muitos irmãos de cultos afro-indígenas do México, Caribe e Estados Unidos, fiz esta pergunta a mim mesmo:
"Será nosso Caboclo Pena Branca, esta mesma entidade ou um representante dela ?"
 
Certa vez, perguntei ao irmão Alberto Salinas, curandeiro e médium de uma tradição espiritualista mexicana, quais as principais entidades que incorporavam em seu templo.
O primeiro nome que ouvi foi : Pena Branca.
Em seguida, comentei que no Brasil, também incorporava um índio do mesmo nome.
Ele não se surpreendeu e disse que outros "penas" também frequentavam sua sessão de cura, nada impedindo que fossem as mesmas entidades.
 
Longe dali, no Caribe, existe uma religião chamada de Vinte e Uma Divisões (ou Vinte e Uma Linhas) que é muito parecida com a nossa amada Umbanda.
Nos terreiros deste culto, trabalham destemidos espíritos de índios, pretos velhos, exus (ali chamados de candelos) e outros espíritos familiares.
Na Linha de Índio Bravo, uma das Vinte e Uma Linhas, encontramos também nosso velho amigo : Pena Branca !
 
Ali ele baixa, firme e elegante, dando brados e vivas imponentes.
Com ele, também incorporam Águia Branca, Índio da Paz e outros "penas" : Pena Azul, Pena Negra, Pena Amarela, etc... Coincidência ?
Nos estados sulistas dos Estados Unidos, existem algumas igrejas espíritas....
Coisa bem diferente, pois por fora parece um templo evangélico e por dentro um terreiro.
Os pastores são médiuns e bem íntimos com as manifestações do Mundo Invisível.
O espírito principal que chefia estas igrejas, as vezes chamadas de Igrejas Espiritualistas Africanas, é o Chefe Índio Falcão Negro.
Quando o Chefe Falcão se manifesta, ele puxa outros companheiros das aldeias do astral, como Nuvem Vermelha, Águia Negra (nomes de chefes indígenas que existiram) e entre eles está : Pena Branca !
Mais coincidência ?
Algumas fraternidades esotéricas americanas, que cultuam os Mestres Ascencionados como Saint Germain, El Morya e outros bem conhecidos da Nova Era, conhecem um belo Mestre curador.
Ele aparece como um índio banhado em branca e luminosa luz, dando sábios conselhos e mensagens (veja uma imagem dele aqui reproduzida).
Seu nome ? Mestre Pena Branca.
Olha ele aqui de novo....
 
Em algumas ilhas do Caribe existe um culto chamado Obeah, de origem africana.
Dentro dele são celebrados os mistérios dos espíritos de origem indígena taino, etnia local.
Existem muitas entidades indígenas, a maioria com comportamento muito arredio e nomes de animais, como Cobra Verde, Pantera Negra, Jaguar Dourado e etc...
Quando incorpora a Falange do Povo Alado, simbolizada pelos pássaros e morcegos, um deles tem um destaque especial.
Este espírito se apresenta sério, compenetrado, usa tabaco fortíssimo e uma pena branca na cabeça. Como é chamado ?
Índio Pena Branca.
Pois então, novamente o encontramos.
Na Venezuela existe um culto belíssimo, semelhante em tudo com a Umbanda de nossa terra.
Tem caboclo, preto velho, exu, marinheiro, Orixás e tudo de bom.
É a tradição de Maria Lionza, a Rainha Mãe da Natureza.
Na Linha Índia, comandada pelo famoso espírito do Cacique Gaicaipuro, incorporam centenas de caboclos venezuelanos e americanos.
Eles trabalham com pemba, bebidas diversas, água, cocares, maracás e todo o aparato ameríndio. Chegam bradando e saudando o povo, que procura semanalmente os irmandades em busca de alívio, socorro material e espiritual.
Certo dia em Bonaire, uma ilhazinha perto da Venezuela, eu participava de um culto de Lionza.
Perto do congá, estava um rapaz incorporado com um caboclo.
Atento, o índio ouvia pacientemente uma velha senhora e a limpava com um maço de ervas perfumadas.
A senhora chorava muito e tremia.
No final da sessão, o semblante dela havia mudado. Feliz, ela sentou-se no banco da assistência e orava agradecida.
Curioso, eu me aproximei e perguntei o nome da entidade que a atendeu. A velha irmã respondeu com reverência.
Adivinhem o nome do caboclo.
Ele mesmo, o grande índio Pena Branca !
 
O tempo passou e a pergunta ainda batia dentro da minha cabeça.
Será que é o mesmo Pena Branca ?
Terá este caboclo conhecido da Umbanda viajado tanto assim ?
Afinal, ele é mexicano, americano ou brasileiro ?
Quem, afinal, nasceu primeiro, o Pena Branca daqui ou de lá ?
Inquietações de um pesquisador, pois os afilhados e médiuns de Pena Branca não ficam, creio eu, tão preocupados com a sua origem.
Uma bela noite, em um modesto e tranquilo terreiro umbandista do interior paulista, acontecia uma gira de caboclo.
A líder do terreiro abriu o trabalho e incorporou.
Seu Pena Branca estava em terra, em todo o seu esplendor e força.
Fiquei atento, lembrei-me do Caribe e pensava em tudo isso que agora escrevo aqui.
O caboclo Pena Branca riscou seu ponto, pediu um charuto, deu algumas ordens ao cambono e olhou para onde eu estava.
Senti uma estranha energia percorrer minha espinha.
Ele continuou olhando e acenou.
Me levantei e acenei de volta.
Foi então que ele falou :
Filho, era eu, lembra ?
Tem aí um maço de ervas bem cheiroso para mim ?
Salve Seu Pena Branca !
 
ORAÇÃO A SEU PENA BRANCA
(rezada no Caribe)
Em nome de Deus Todo Poderoso,
Eu invoco o grande Pena Branca,
fiel espírito índio, grande herói,
zelador de meu altar e morada.
A você que me guia e conhece minhas necessidades,
peço proteção e luz.
Livra-me de toda má intenção e inimigos, ocultos ou manifestados.
Vigia meus caminhos e que nenhum feiticeiro ou bruxo malvado,
possa cruzar comigo.
Grande espírito, te ofereço esta vela (acender uma vela verde) e chamo seu nome.
Amém !
RECEITAS TRADICIONAIS
BANHO DE PROTEÇÃO PENA BRANCA
(utilizado no Caribe)
4 litros de água,
Um pouco de erva cidreira,
Um pouco alfavaca,
Algumas pétalas de rosa branca.
Ferver as ervas, esperar esfriar um pouco e acrescentar as pétalas.
Acender uma vela verde antes do banho.
ÁGUA DE PENA BRANCA PARA PURIFICAR A RESIDÊNCIA (receita da Obeah).
1 litro de água mineral,
Um pouco de erva cidreira,
Um pouco de arruda,
Um pouco de verbena,
Sete gotas de essência de almíscar.
Misturar as ervas e ferver. Deixar esfriar e adicionar a essência.
Acender uma vela verde e pedir a Pena Branca para benzer a água.
Depois que a vela acabar, borrifar os cantos da casa, cama e objetos pessoais.
VELA MÁGICA DE PENA BRANCA PARA TRAZER PAZ
(receita do culto Maria Lionza).
Uma vela de sete dias branca,
Um pouco de melaço de cana,
Um pouco de açúcar cândi,
Sete cravos-da-índia,
Sete gotas de essência de rosas,
Sete gotas de essência de verbena.
Misturar em um prato o melaço, açúcar e as essências. Untar a vela (mas não o pavio) e espetar os cravos nela, formando uma cruz (pode fazer os furinhos com a ajuda de um prego fino). A vela deve estar sem a capa de plástico. Acender a vela e pedir a ajuda deste caboclo.
Pontos Cantados
Saravá Seu Pena Branca
Saravá seu abacé
Traz na frente o seu bodoque
Pra defender filhos de fé.
Ele vem de Aruanda
Trabalhar neste abaça
Saravá Seu Pena Branca
Um guerreiro de Oxalá
Sua flecha vai certeira
Vai pegar o feiticeiro
Que fez juras e mandingas
Para os filhos do terreiro
Pega o arco, atira a flecha
Que esse bicho é corredor
Mas deve ser castigado
Ele é merecedor



Um grito na mata ecoou
Foi Seu Pena Branca que chegou
Com sua flecha com seu cocar
Seu Pena Branca vem nos ajudar



Seu Pena Branca puxa a corimba
A sua banda manda chamar
Ajuda Seu Pena Branca
Pra todo mal destes filhos levar



Que penacho é esse que eu vejo brilhar
É Seu Pena Branca que aqui vai chegar
Firma seu ponto ora veja seu cocar
É Seu Pena Branca que aqui vai chegar
Mas que Luz é essa que eu vejo brilhar
É Seu Pena Branca que aqui vai chegar
Firma seu ponto saravá Pai Oxalá
É Seu Pena Branca que aqui vai chegar



Vem oh caboclo
Vem Pena Branca
Vem trabalhar
Vem dar esperança
És caboclo da fé e esperança
Da luz vibrante
Da força branca

 
História do Caboclo e Mestre Pena Branca
 
 
Caboclo Pena Branca
 

Pena Branca nasceu em aproximadamente 1425, na região central do Brasil, hoje, entre Brasília e Goiás, onde seu pai era o Cacique da tribo.
Era o filho mais velho de seus pais e desde cedo se mostrou com um diferencial entre os outros índios da mesma tribo, era de uma extraordinária inteligência.

Na época não havia o costume de fazer intercâmbios e trocas de alimentos entre tribos, apenas algumas tribos faziam isto, pois havia uma cultura de subsistência, mas o Cacique Pena Branca foi um dos primeiros a incentivar a melhora de condições das tribos, e por isso assumiu a tarefa de fazer intercâmbios com outras tribos, entre elas a Jê ou Tapuia e Nuaruaque ou Caríba.
Quando fazia uma de suas peregrinações ele conheceu na região do nordeste brasileiro (hoje Bahia), uma índia Tupinambá que viria a ser a sua mulher, chamava-se “Flor da Manhã” a qual foi sempre o seu apoio.

Como Cacique Tupinambá, foi respeitado pela sua tribo de tupis, assim como por todas as outras tribos e principalmente a maior rival, os Caramurus, que após a chegada dos portugueses se uniram aos Tupinambás, nascendo então outra nação indígena, a nação Caramurú-Tupinambá, na qual Pena Branca passou a ser o Cacique Geral, apesar disso, continuou seu trabalho de itinerante por todo o Brasil na tentativa de fortalecer e unir a cultura indígena.

Certo dia Pena Branca estava em cima do Monte Pascoal no sul da Bahia, e foi o primeiro a avistar a chegada dos portugueses nas suas naus, com grandes cruzes vermelhas no leme.
Esteve presente na primeira missa realizada no Brasil pelos Jesuítas, na figura de Frei Henrique de Coimbra.
Desde então procurou ser o porta-voz entre índios e os portugueses, sendo precavido pela desconfiança das intenções daqueles homens brancos que ofereciam objetos, como espelhos e pentes, para agradá-los.
 
Aprendeu rapidamente o português e a cultura cristã com os jesuítas.
Teve grande contato com os corsários franceses que conseguiram penetrar (sem o conhecimento dos portugueses) na costa brasileira – muito antes das grandes invasões de 1555 – aprendeu também a falar o francês.
 
Os escambos, comércio de pau-brasil entre índios e portugueses, eram vistos com reservas por Pena Branca, pois ali começaram as épocas de escravidão indígena e a intenção de Pena Branca sempre foi a de progredir culturalmente com a chegada desses novos povos, aos quais ele chamava de amigos.
 
O Cacique Pena Branca faleceu no ano de 1529, com 104 anos de idade, deixando grande saudade a todos os índios do Brasil, sendo reconhecido na espiritualidade como servidor na assistência aos índios brasileiros, junto com outros grandes espíritos, como o Cacique Cobra Coral e Cacique Tupinambá.
 
Apesar de não ter conhecido o Padre José de Anchieta em vida, já que este chegou ao Brasil em meados de 1554, Pena Branca foi um dos espíritos que ajudou este abnegado jesuíta no seu desligamento desencarnatório e por isso Padre José de Anchieta trabalha atualmente em conjunto com Mestre Pena Branca
Orixá Reiki
 
 
Yoshi - Om Pena Branca
 
Yoshi - Om Pena Branca
 
É um simbolo forte do Caboclo Pena Branca, ligado ao chefe da falange de todos os penas brancas que se identificam e trabalham na cura e desobsessão da Terra.
Trabalha a cura espiritual que interage com todos os demais caboclos ligados a ele, atuando nos oito corpos mais densos da pessoa, pelas energias negativas do ódio, medo, culpa e materialismo obsessivo.
Alguns locais de aplicação deste símbolo: coração, fígado, rins e estomago, onde temos a maior concentração de energia emocional mal resolvida e atuante na vida da pessoa.
Referências
 
 

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