domingo, 22 de setembro de 2013

Não precisa ser para sempre, mas precisa ser até o fim!

 

 
Para sempre’, em minha opinião, é nada mais nada menos que um dia depois do outro.
Ou seja, é construção.
Em princípio, não existe.
Mas basta que façamos a mesma escolha sucessivamente e teremos construído o ‘para sempre’.
O que quero dizer é que o ‘sempre’ não é magia nem tampouco um tempo que pré-exista.
Ele é consequência.
Nada mais que consequência de uma sucessão de dias, vividos minuto por minuto.

Quanto ao amor, tem gente que acredita que só é de verdade se durar “até que a morte os separe”. Outras, como o grande Vinícius de Moraes poetizou, apostam no “que seja eterno enquanto dure”. Eu, neste caso, admiro a coragem de quem vai até o fim, de quem se entrega inteiramente ao que sente, de quem se permite viver aquilo que seu coração pede até que todas as chamas se apaguem.

Mais do que isso: até que as brasas esfriem e – depois de todas as tentativas – nada mais possa ser resgatado do fogo que um dia ardeu.

Claro que não estou defendendo a constância indefinida de atitudes desequilibradas, exageros desnecessários ou situações destrutivas. Mas concordo plenamente com o que está escrito no comovente “Quase”, de Sarah Westphal (muitas vezes atribuído a Luiz Fernando Veríssimo):

... “Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar”...

Porque de corações partidos por causa de um amor vivido pela metade as ruas estão cheias.
Assim como de almas que perambulam feito pontos-de-interrogação, a se questionar o que mais poderiam ter feito para que o outro também estivesse presente, para que não fugisse tão
furtivamente, tão covardemente, tão sordidamente.
 
É por isso que insisto: muito mais do que nos preocuparmos com o ‘para sempre’, precisamos começar a investir no ‘até o fim’, para que o ‘agora’ tenha mais significado, para que as intenções,
as palavras, as atitudes e todos os recomeços façam parte de uma história mais sólida, menos prostituída, que realmente valha a pena.

Então, questione-se: o coração ainda acelera quando o outro se aproxima?
O peito ainda dói de saudade?
O desejo ainda grita, perturbando o silêncio da noite?
Não chegou ao fim!
Não acabou.
Sei que, em alguns casos, motivos de força maior impedem um amor de ser vivido
(e daí a separação pode ser sinal de maturidade), mas na maioria das vezes o que afasta dois
corações é muito mais intolerância, ilusões ou auto-defesas tolas do que algo que realmente
justifique o lamentável desfecho.

O outro não quer?
Desistiu?
Acovardou-se?
Ok!
Por mais incoerente que pareça, é um direito dele.
Esteja certo de que você fez o que estava ao seu alcance e depois... bem, depois recolha-se e
pondere: “pros amores impossíveis, tempo”.
Tempo em que você terminará descobrindo que a vida tem seu jeito misterioso de fazer o amor acontecer, mas que – no final das contas – feliz mesmo é quem, apesar de tudo, tem coragem
de ir até o fim!
 
Por Rosana Braga

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