sexta-feira, 18 de novembro de 2011

O SENTIMENTO DE LUTO É O ÓDIO DA PERDA



Perdas.

O luto é uma reação normal, fisiológica, psicológica, com começo, meio e fim.
Quando perdemos alguém que se ama, passamos por um estado de muita dor psíquica: revolta natural, raiva, ódio e dizemos: porque fizeram isto conosco, porque Deus tirou a vida da pessoa, enfim, interpretamos a perda como um fato contra nós.

Essa atitude é de negação, de recusa a não reconhecer que a morte se impõe como realidade, não é contra ninguém.

Do mesmo modo reagimos com indignação quando vemos que alguns dos nossos desejos, projetos, sonhos, não se realizam.

Viver nossos lutos é ter humildade para perder, para sobreviver essa dolorosa experiência: daí o luto ter um tempo adequado para nos refazermos do trauma.

Como isso pode ser possível?

Chorando, entristecendo e lembrando das situações boas que passamos com a pessoa que se foi, assim como nos acostumando que uma saída para fazer o luto é ter a pessoa dentro de nós.

Só se consegue atravessar o luto aquele que pode carregar em seu interior, dentro de si, a pessoa amada e ter saudade dela.

A saudade é uma palavra que só existe na língua portuguesa, é um sentimento triste mas integrado para se preencher a falta de alguém ou de alguma coisa.

É na saudade que lembramos, que recordamos o bom que alguém nos foi, e paulatinamente vamos retendo na memória a imagem de uma pessoa viva.

Aquele que perdemos se mantém vivo dentro de nós, caso o amor tenha predominado nessa relação.

Com isso, quero frisar que podemos atravessar essa turbulência sem transformar o luto em depressão ou melancolia.

A depressão é o ódio à perda.

A depressão é a impossibilidade de saber perder, ainda que isso seja doloroso. Existem pessoas que se revoltam, que não admitem a falta, que reagem com furor e raiva.

E desenvolvem uma atitude de recusa à realidade.

Perdem o sentido de viver, não encontram mais força para refazerem sua vida e terminam por pautarem sua existência com queixas, lamentos, revolta e um sentimento de apatia permanente – estamos diante de uma depressão grave ou melancolia.

Necessitam de uma psicoterapia e não muito infreqüentemente, de um tratamento com antidepressivo.

Em resumo: depressão é realmente ódio à perda.

Carlos A. Vieira

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