quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O que é Arquétipo e Cosmogonia




Arquétipo

“Os arquétipos são sistemas de prontidão que são ao mesmo tempo imagens e emoções. São hereditários como a estrutura do cérebro.

Na verdade é o aspecto psíquico do cérebro.

Constituem, por um lado, um preconceito instintivo muito forte e, por outro lado, são os mais eficientes auxiliares das adaptações instintivas.

Propriamente falando, são a parte ctônica da psique – se assim podemos falar – aquela parte através da qual a psique está vinculada a natureza, ou pelo menos em que seus vínculos com a terra e o mundo aparecem claramente.

Os arquétipos são formas típicas de comportamento que, ao se tornarem conscientes,
assumem o aspecto de representações, como tudo o que se torna conteúdo da consciência.

Os arquétipos são anteriores à consciência e, provavelmente, são eles que formam os dominantes estruturais da psique em geral,assemelhando-se ao sistema axial dos cristais que existe em potência na água -mãe, mas não é diretamente perceptível pela observação.

Do ponto de vista empírico, contudo, o arquétipo jamais se forma no interior da vida orgânica em geral.

Ele aparece ao mesmo tempo que a vida.

“Dei o nome de arquétipos a esses padrões, valendo-me de uma expressão de Santo Agostinho: Arquétipo significa um “Typos”(impressão,marca -impressão), um agrupamento definido de caracteres arcaicos, que,em forma e significado, encerra motivos mitológicos, os quais surgem em forma pura nos contos de fadas, nos mitos, nas lendas e no folclore”.

Gustav C. Jung: Mind and Earth, The Collected Works, vol.10, 53.


Cosmogonia
A Cosmogonia Perene

”A cosmogonia é uma ciência cultivada por todos os povos arcaicos e tradicionais e se refere ao conhecimento do homem (pequeno cosmos) e do universo (homem grande).

Repete-se de modo unânime e de maneira perene ao longo do tempo (história) e do espaço
(geografia), descrevendo uma única realidade, a do cosmos.

Esta realidade, por outro lado, é a mesma que nós, os contemporâneos, vivemos e habitamos, pois é essencialmente imutável apesar das mutantes formas em que pode ser expressa ou apreendida, já que se mantém perenemente
viva (…)”.

“O símbolo não é arbitrário, e reflete autenticamente o que expressa, requisito sem o qual seria impossível qualquer relação ou comunicação.

Deve-se ter em mente que, por tomar uma forma, constitui uma estrutura na torrente do não-enunciado, na vida larval e caótica do vir a ser.

Os antigos conheciam sobejamente esta verdade, e daí o valor criativo que atribuíam à palavra.

Ou seja: o sujeito participa de qualquer fato objetivo e portanto o gera; a história de seus ciclos também testemunha esta interrelação constante.

No entanto, a irrealidade do mundo – e do homem – só pode ser observada porque existe, e deve ser, nesse caso, sujeito e objeto de alguma revelação.

Os símbolos, como os conceitos ou os seres, são imprescindíveis no plano do Universo, e alguns códigos como o aritmético ou o geométrico, entre outros, não são convenções casuais, mas expressam realidades arquetípicas e formam a base de qualquer estrutura, não só no “exterior” mas também no “interior”.

A ponto que de se poder dizer que estas imagens constituem categorias próprias do pensamento, e fazem do homem um autêntico intermediário entre o conhecido e o desconhecido, ou seja: o maior dos símbolos, capaz de unificar por sua mediação a multidão do disperso”.


Frederico Gonzaléz: Simbolismo e Arte I, Simbolismo e Cosmogonia[1].

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