terça-feira, 28 de agosto de 2012

28 de Agosto / Santo Agostinho

 
Santo Agostinho é o pensador que, através da sua vasta produção literária, marcou mais profundamente a especulação cristã.
 
Sua profunda cultura humanista tornou-se sensível aos grandes temas que preocupavam e preocupam o ser humano: o bem e o mal, a liberdade, o destino humano, a história e sobretudo o dilema entre fé e razão.
 
Várias de suas obras figuram no rol das mais importantes da Literatura Universal, como os Solilóquios, As Confissões e a Cidade de Deus.
 
Esta última, em particular, influenciou decisivamente os rumos políticos e as práticas sociais da cristandade medieval.
Nasceu Santo Agostinho no ano de 354 d.c. numa região chamada Numídia.
 
Sua trajetória intelectual, antes de chegar ao cristianismo, passa por períodos de apego à vida mundana, ao materialismo, ao maniqueísmo e termina no platonismo largamente influenciado pelo ceticismo da nova academia.
 
Manifesta sua preferência pelo platonismo, considerando-o a mais pura e luminosa filosofia da Antigüidade.
Santo Agostinho inaugura de certa maneira “A era da incerteza dogmática”.
 
O problema das relações entre a razão e a fé que seria o problema fundamental da escolástica medieval, atormentava a mente de Santo Agostinho.
 
Estudava desesperadamente matemática, filosofia, mecânica (a física na época era rudimentar), teologia, com o propósito de explicar a existência de Deus através da razão humana.
 
Observava a natureza e acreditava que o homem através de sua inteligência iria finalmente explicar o porquê de Deus e colocar os parâmetros da fé em bases científicas.
 
Observe o leitor que essa busca frenética continuou acontecendo e é motivo de desconforto para a ciência, sobretudo nos dias de hoje.
 
Santo Agostinho não descansava, passava horas a estudar e a meditar, tentando entender o que significava onipresença, onisciência, infinito, Santíssima Trindade, consubstanciação, espírito e corpo, diversidade espiritual, atemporalidade.
 
Várias vezes foi visto vagando sozinho na noite, angustiado, tentando descobrir a resposta científica para a fé.
 
Como se libertar da dúvida cética?
Certo dia, Santo Agostinho, após longo período de trabalho e muito compenetrado na sua angústia, adormeceu no claustro.
 
Teve um sonho revelador: caminhava sobre uma praia deserta, a contemplar o mar e o céu.
 
De repente, avistou um menino que com um balde de madeira ia até a água do mar, enchia o balde e voltava, onde despejava a água num pequenino buraco na areia.
 
Santo Agostinho, perplexo e curioso perguntou ao menino: - O que você está fazendo?
 
O menino calmamente olhou para Santo Agostinho e respondeu: - Vou colocar toda água do mar nesse buraco!
 
Santo Agostinho sorriu e retrucou: - Isso é impossível garoto.
Observe quanta água existe no oceano e você quer colocá-la toda nesse diminuto buraco!
 
Mais uma vez o menino olhou para Santo Agostinho e de forma ríspida e corajosa disse: - Em verdade vos digo.
É mais fácil colocar toda água do oceano nesse pequeno buraco do que a inteligência humana compreender os mistérios de Deus!!
 
E num átimo Santo Agostinho acordou assustado e desorientado.
 
Tivera uma mensagem divina que acalmaria sua alma conturbada.
Que essa história sirva também aos nossos dias.
 
O homem precisa rever posições, precisa abandonar seu humanismo cético em favor do dogma teológico.
 
Não pode haver ciência sem base teológica.
 
Aqueles que duvidam disso, lembrem-se do menino.

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