segunda-feira, 24 de junho de 2013

Porque não vou a Copa do mundo no Brasil

É disso que o Brasil precisa - “Não, eu não vou à Copa do Mundo”
Vídeo com quase 2 milhões de views em apenas 2 dias denuncia a incoerente situação do Brasil como sede da Copa 2014
     
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“Não, eu não vou à Copa do Mundo”, declina Carla Dauden ao convite para o mundial de 2014, no Brasil.
Esse também é o título da mensagem/protesto no vídeo produzido/apresentado/postado por Carla Dauden, uma jovem brasileira de 23 aninhos que como tantos outros brasileiros, vive fora de seu país para ter acesso à uma educação de qualidade.
 
“Eu vim pros EUA para estudar cinema aos 18 anos, logo depois do terceiro colegial.
 
Me formei em Maio do ano passado, cheguei a trabalhar em uma produtora por sete meses, mas pedi demissão há mais ou menos dois meses para poder me dedicar inteiramente a escrever e dirigir filmes" declarou Carla ao Marcelo Tass ontem em conversa com o apresentador que virou post no blog do apresentador.
 
Conectada à realidade vivida por seus compatriotas Carla demonstra uma lucidez e conhecimento de causa que certamente promoverá um choque de realidade aos que se deram ao trabalho de conferir as bases de sua decisão em não participar do circo da Copa do Mundo.
 
Sugiro às emissoras que contratem logo Carla e renovem sua geração de comentaristas políticos de seus telejornais com jovens de mente privilegiada como a de Carla, que, talvez por estar de fora, tenha uma visão privilegiada do que acontece por aqui, bem debaixo de nossos narizes.
 
Longe de ser o país que a presidenta Rousseff apresentou em seu discurso marqueteiro na apresentação do país como sede da Copa 2014 e, inclusive exibido ao final do vídeo de Carla com uma edição primorosa de imagens, as manifestações que eclodiram pelo país denunciam o ápice da indignação geral que acometeu o povo brasileiro pelos anos de descaso e sucateamento dos serviços básicos essenciais à que todos temos direito, porém não o acesso, e que são elementos primordiais para o tão apregoado desenvolvimento e modernidade da nação a que a presidenta alardeia hoje como se correspondesse à realidade.
 
Enquanto o Governo vende a imagem utópica de "Alice no país das maravilhas" para os gringos, aqiu dentro o gigante despertou e com vontade de colocar as coisas em dia.
 
Recomendo esse vídeo-alerta a todos os que ainda utilizam de suas faculdades mentais e que não são influenciados pela mídia oportunista do Brasil, para que entendam a magnitude do absurdo que está acontecendo em nosso Brasil.
 
A diretora de cinema e fotografia Carla Toledo Dauden, 23 anos, vive em Los Angeles, e coincidentemente chega hoje ao Brasil para visitar sua família em Florianópolis.
 
Confira aqui o vídeo de Carla e reflita na responsabilidade que temos sobre tudo o que está acontecendo na terra brasilis.
 
Estamos aguardando resposta do contato feito com Carla para uma entrevista, e enquanto isso confira a que foi concedida ao site Super Esporte.
"Carla passou grande parte da infância e da adolescência em Florianópolis (SC) e foi para os Estados Unidos há quatro anos, para estudar cinema.
Ela se formou em maio do ano passado e, depois de trabalhar em uma empresa de comerciais para televisão, decidiu se demitir em busca de oportunidades como cineasta e roteirista.
O vídeo que se tornou viral na internet surgiu como um projeto pessoal e só contou com a ajuda de um amigo.
Foi filmado em sua própria sala, com uma câmera própria e equipamentos de luz emprestados.
Ficou pronto há duas semanas, antes da onda de protestos que levou milhares de pessoas às ruas das principais capitais brasileiras.
 
Como surgiu a ideia de fazer o vídeo?
Veio antes das manifestações começarem.
Eu tinha acabado de pedir demissão do local onde estava trabalhando, porque não estava feliz, e estava tentando achar um projeto legal.
Como sempre me incomodou o fato do pessoal dos EUA não conhecer o Brasil, decidi fazer sobre esse tema.
Foi coincidência ser na época dos protestos.
Nunca imaginei que ia gerar tanta discussão.
Várias coisas me motivaram.
A primeira foi mostrar como a situação das pessoas é precária.
Também tive vontade de divulgar para o mundo o que se passa no Brasil, poucos estrangeiros sabem o que realmente acontece aí.
 
Ficou surpresa com a repercussão?
Nunca imaginei que poderia ser compartilhado por todo mundo.
Pessoas de vários países, de todos os cantos do mundo estão me mandando mensagens.
É muito legal ver isso. A maioria dos estrangeiros diz que não tinha ideia e agradece pelo vídeo mostrar o que está acontecendo no país. Também recebi contato de pessoas que trabalharam na Copa do Mundo da África do Sul, que falaram que é isso mesmo.
O dinheiro já foi gasto.
Não é pior se os estrangeiros não vierem ao Brasil?
A intenção não é boicotar a ida de estrangeiros ao Brasil.
Muitas pessoas estão mudando o título do vídeo, que é “Eu não vou para a Copa do Mundo”, para “Não vá para a Copa do Mundo”.
Não é isso.
A minha intenção é chamar a atenção para os problemas do país. A ideia é gerar uma discussão sobre isso.
 
Como foi feito o vídeo?
Eu mesma escrevi e editei, só tive ajuda de um amigo que é diretor de fotografia.
Peguei imagens e pesquisei sobre o assunto na internet.
 
A sua família apoiou?
O meu pai estava me visitando quando eu resolvi fazer.
Ele assistiu e até ajudou a editar.
Todos eles gostaram muito, estão felizes, mas ninguém imaginava a repercussão.
 
O boicote dos estrangeiros na Copa do Mundo é uma forma de solucionar o problema?
Não sei se essa seria uma solução.
Mas é preciso que tentem melhorar os problemas sociais.
Não é necessariamente boicotar.
O meu papel como uma pessoa que mora fora é trazer a atenção das pessoas para os problemas, gerar discussão.
Quando comecei a fazer a pesquisa sobre a situação do Brasil, meu olho encheu de lágrima.
Quando o brasileiro está longe, sente muito pelo nosso povo.
 
E qual seria a sua solução?
Não sou a melhor pessoa para dar essas respostas.
Mas o fato é que não tá bom.
Grupos como o Copa para quem talvez saibam responder melhor.
 
Você gosta de futebol?
Eu gosto.
Mas me irrita um pouco essa obsessão que o Brasil tem pelo futebol.
É muito pão e circo, esses caras (jogadores) ganham um dinheiro absurdo e são idolatrados.
 
Pretende voltar para o Brasil?
Eu amo o meu país.
Quero voltar para aí um dia.
Mas é difícil saber, depende do meu visto americano.
Uma coincidência é que estou indo para o Brasil amanhã (hoje).
 
E vai participar dos protestos?
Pretendo sim.
Minha irmã está super engajada."
*Com a contribuição de informações do blog do Marcelo Tass e do Super Esporte.

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