quinta-feira, 22 de agosto de 2013

"A festa de Babette": um cardápio que entrou para a história


 
Cena de "A Festa de Babette", com Stéphane Audran no papel da francesa Babette

Simplesmente um grande filme.

Uma história singela e regada com champagne Veuve Clicquot, tradicional marca que é facilmente distinguida pelo seu rótulo laranja.

Você vai se deliciar vendo o verdadeiro ritual de uma noite com todos os sabores franceses.

Em 1871, em uma noite de tempestade, Babette chega a um vilarejo protestante na Dinamarca, fugindo da França durante a repressão à Comuna de Paris.

Ela se emprega como faxineira e cozinheira na casa de duas solteironas, filhas de um rigoroso pastor, sem qualquer remuneração.

Ali ela vive por quatorze anos, até que um dia, ganhado uma inesperada fortuna, ela pede permissão para preparar um jantar em comemoração aos centésimo aniversário do pastor e suas obras.

A princípio, os convidados ficam assustados com o que Babette, uma católica e estrangeira, poderia servir e temiam ferir alguma lei divina ao aceitar um jantar francês, mas acabam comparecendo.




Babette e as duas adoráveis senhoras que a acolhem em sua casa.

O sentido do filme é mesmo revelar que comer, de alguma maneira, é ser enfeitiçado.

Babette é uma artista que conhecia os segredos de produzir alegria pela comida.

Ela sabia que, depois de comer, as pessoas não permaneciam as mesmas.

Para isto, ela prepara um jantar memorável.

E coisas mágicas acontecem neste jantar.

Desconfiavam os endurecidos moradores daquela aldeota, que tinham medo de comer do banquete que Babette lhes preparara, pois achavam que ela era uma bruxa e que o banquete era um ritual de feitiçaria.

Achavam que Babette iria por suas almas a perder e que não iriam mais para o céu.

De alguma maneira, eles estavam certos mesmo.

Babette é uma autêntica feiticeira na cozinha.

Só que não do tipo que eles imaginavam.



Jantar memorável preparado por Babette para os membros de uma pequena igreja protestante em um vilarejo dinarmaquês.

O cardápio começa com a sopa de tartaruga com quenelles de vitela, acompanhada do vinho Clos de Vougeot de 1845 e continua com a deliciosa codorniz en sarcophage (codornizes recheadas de foie gras e trufas).

A festa gastronômica de Babette tem o blinis demidof (panqueca com creme azedo e caviar), servido com o champagne Veuve Clicquot de 1860 e vinho Amontillado, vinho espanhol de Jerez de La Frontera.

Depois a salada e os queijos.

Na sobremesa, baba ao rum, frutas, café, e um cálice de Marc Fine Champagne, destilado de uvas viníferas que os franceses apreciam como digestivo.

Assim, as durezas e rugas do corpo são sensibilizadas pelo paladar, os rostos endurecidos vão ficando bonitos pelo riso.

É este o conteúdo do grande filme “A Festa de Babette”.

O cardápio servido converteu-se numa espécie de cult da alta gastronomia, cozinheiros de todas as épocas e lugares clamando pela inspiração da quituteira francesa para reproduzi-lo em cada detalhe.
http://www.paulocannizzaro.com.br

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